
O município de Bom Conselho até a década de 90 passou pelo ciclo do café, quando o plantio foi sendo trocado pelas pastagens nos cercados, com o intuito de engordar o gado. Mas, ficaram as lembranças, as histórias e os casarões que foram grandes construções do século XVIII.

Esse é o Casarão da Floresta localizado na zona rural de Bom Conselho, próximo ao distrito de Rainha Isabel, que no passado foi um engenho de cana-de açúcar e posteriormente tornou-se numa fazenda produtora de café.

Vamos a história… Em contato com o senhor José Antônio Gonçalves, mais conhecido por Gonçalvinho, grande latifundiário da terra de Papacaça, nos contou o seguinte: “No ano de 1973, o advogado e fiscal de renda, Dr, José Gonçalves, comprou do senhor Arlindo Lima, primo do coronel José Abílio, a fazenda Floresta e Grotão, porém, já existia esse casarão que serviu de engenho e fazenda produtora de café”.

Ainda dialogando com o simpático e educado senhor Golçalvinho e seu filho Gonçalves Neto, tivemos a informação de quem construiu esse casarão. Segundo eles, foi o senhor Lourenço Lima Tenório, pai do senhor Arlindo, que vendeu por 60 contos de réis a fazenda ao Dr. José Gonçalves.

A origem do café no Brasil encontra-se no século XVIII. As primeiras mudas de café foram plantadas ainda pelos idos de 1720, na província do Pará. A pessoa que teria trazido as primeiras sementes do café para o Brasil foi Francisco de Melo Palheta, após viagem à Guiana Francesa.

Quem vai conhecer esse casarão fica admirado com sua estrutura. A madeira é a mesma que foi usada na construção do casarão há mais de um século. São vários os cômodos, paredes de tijolo dobrado, piso de tijolos cru e no primeiro andar todo o piso é de madeira de lei.

Por esse ângulo de uma das janelas do primeiro andar, vemos a cobertura original da parte do piso inferior. São telhas pesadas e resistentes ao longo do tempo. A fauna do lugar é muito rica, além de espécie de pássaros em extinção, você encontra animais, tipo, raposa, lobo-guará, gato do mato e gato maracajá, tatu, tamanduá-mirim, além de vários tipos de cobra, como por exemplo, jibóias, cascavéis, salamantas…

O casal Nivaldo Justo Pinto e Maria Helena Marques da Silva, são os únicos habitantes que residem ao lado do casarão há 46 anos. Eles sabem de toda a história do casarão da Floresta/Grotão. Coladas no casarão existem 07 casas pequenas, que eram de moradores da época quando a fazenda Floresta era um engenho.

Conta a história que os barões do café eram grandes fazendeiros, muito ricos e diante da sua riqueza e popularidade, eles tornaram-se barões ou grandes cafeicultores daquela época. Próximo desse casarão tem uma reserva de mata atlântica onde a flora e a fauna tem suas riquezas.

O Casarão da Floresta, tornou-se engenho diante da produção de cana-de-açúcar, inclusive, ainda há peças que retratam essa época. Com a falta de regularidade das chuvas provocou o desequilíbrio na produção de café, ficando apenas os casarões, algum maquinário e as histórias para contar.

A crise da produção de café no Brasil foi de 29 de outubro de 1929 a dezembro de 1939. É provável que esse casarão quando foi construído ainda no século XVIII foi o auge do senhor Lourenço como cafeicultor. Quando o senhor Arlindo, vendeu o casarão por 60 contos de réis, é sinal que não tinha mais interesse pela produção do engenho. Vejam que esses azulejos nas paredes retrata o poderio dos senhores de engenho, por que as peças eram caras para a época.

A conversa com os amigos Gonçalves Neto e Gonçalvinho, foi muito próspera. Agradeço a atenção que foi dispensada ao nosso trabalho. O casarão dos Gonçalves no sítio Pacas (por que no passado existia Pacas, eis o motivo do nome do lugar), e o casarão da Floresta e Grotão, estão dentro de uma mesma área de preservação de mata atlântica. A propriedade hoje chega aos seus 400 hectares, tem mata protegida, com árvores centenárias, como por exemplo, sucupira, murici, frei Jorge, amarelo e tantas outras.
Quem tiver interesse de conhecer o centenário Casarão da Floresta, deve entrar em contato com a redação do Blog do Poeta pelo whatsApp (87) 9 8114-3061.
Com a permissão dos proprietários, podemos visitar e conhecer esse atrativo turístico rural do município de Bom Conselho. O turismo pedagógico tem papel fundamental para divulgar os locais que potencial turístico na terra de Papacaça.
SAIBA MAIS!
O café foi descoberto por um pastor de cabras etíope que notou que seu rebanho ficava muito alegre depois de comer as frutinhas avermelhadas de uma determinada árvore. Ele resolveu experimentá-las também, e descobriu o poder estimulante do café.
Cláudio André
Cláudio André Santos, natural da cidade de Olho d'Água das Flores, sertão de Alagoas,formado em radiojornalismo, é poeta, blogueiro, radialista profissional (Reg.3059 - DRT-PE) e escritor. Tem doze livros de poesias e crônicas publicados. Premiado Pelo Ministério da Cultura em 2009 com o Projeto Cultural Minha Imaginação é um Poema. Estudou além Radiojornalismo, Francês e Filosofia. Membro efetivo da Associação Alagoana de Imprensa (Reg.678). Fundador da Rádio Olho d'Água FM, criador do Projeto Música na Escola e ex-seminarista. Show-man. Foi um dos fundadores e diretor-executivo da Associação de Blogueiros de Pernambuco (ABlogpe). Fundador do Sistema Online Poeta de Comunicação (Blog, Site, Studio, Lista telefônica, Rádio Web e TV Web). Trabalhou em mais de uma dezena de emissoras de rádio nos estados de AL, PE, SP. Tecnólogo em oratória, em técnicas de vendas e administração empresarial pelo SENAC. Tem várias premiações como repórter e blogueiro. Destaque na área do fotojornalismo. Criador do projeto ecológico/educativo Poeta Viagens e Aventura.